domingo, 21 de abril de 2013

Há limite! (Mesmo?)

Existem acontecimentos na vida da gente que nos levam a refletir. Vivemos hoje em um mundo onde todos têm direito a tudo, de maneira irrestrita. Vivemos no mundo do politicamente correto. Se alguém levanta uma posição contrária a isso, é execrado publicamente. Imagine, que afronta tolher a liberdade de alguém. Na mídia não faltam exemplos da condenação pública ao qual são submetidos indivíduos que ousam pisar fora do quadrado. Quando há distanciamento da situação, ficamos logo cheios de opinião, achando um absurdo essa ou aquela postura. Mas quando acontece algo dentro do nosso mundo, fica muito mais difícil entender, se posicionar e opinar.

Foi este tipo de coisa que me fez pensar e pensar e pensar. Liberdade é algo muito amplo. Mas o que ecoa na minha cabeça neste momento é algo que as minhas professoras das séries iniciais repetiam muito: "a sua liberdade termina onde começa a liberdade do outro". Tão simples a ponto de uma criança de 6 anos ser capaz de entender. Tão esquecido a ponto de adultos cheios de si serem capazes de ignorar. O mundo do politicamente correto parece ser libertador, quando na verdade, em muitos aspectos, é claustrofóbico. Uma pessoa se sente no direito de invadir a minha vida, a minha liberdade,  mesmo que isso cause danos que nem ela própria poderia medir (será que não? Tenho dúvidas). E tudo isso, por quê? Porque ela estava no seu direito. Tem uma pessoa próxima que acredita que de tempos em tempos é necessário que haja uma ditadura, para que os direitos sejam suprimidos e as pessoas lutem por eles novamente, e se sintam satisfeitas, já que chega a um ponto em que começam a abusar do seu querer. Eu não sou tão radical, mas é fato que as pessoas vêm abusando dos seus direitos. E esquecendo dos seus deveres.

Raciocinando nesta linha, me sinto apta a exercer também os meus direitos. Tenho o direito a escolher quais pessoas farão parte da minha vida particular. No meu trabalho, nas aulas que frequento, não tenho esta opção. Mas na minha vida fora destes meios sociais impostos, eu tenho sim. Acredito que cheguei a um ponto na vida em que não pretendo mais expandir meu círculo de pessoas próximas. Ao contrário, é hora de restringir.

Além disso, eu tenho minhas dificuldades e limitações. O que eu quero dizer com isso? Que não tenho sangue de barata. As pessoas agora se acham no direito de tirar satisfações, de querer saber. De perceber que o chapéu se encaixa perfeitamente na sua cabeça, usá-lo e vir querer saber porque ele está servindo. E eu agora me acho no direito de ignorar, de não querer falar, de me calar. Outra coisa que eu venho aprendendo de maneiras muitas vezes dolorosas ao longo destes meus quase 28 anos, é a não ignorar minha intuição. Apesar de eu ser uma pessoa muito racional, tenho visto que ela é muito mais aguçada do que eu poderia imaginar. Usando outra frase que todo mundo escuta desde criancinha: "onde há fumaça, há fogo". Às vezes um foguinho ridículo, outras vezes um incêndio monumental. Mas sempre há. E eu já tive provas suficientes de que nunca, jamais, devo deixar de lado este meu 6º sentido.

Quer saber outra coisa que me tira do sério? Mentira. E não, eu não sou santa. Se eu já menti? Certeza que sim. A vida social de qualquer pessoa viraria um inferno se ela fosse sincera 100% do tempo. Quem nunca fingiu estar tudo bem quando estava tudo péssimo? Quem nunca disse "sua roupa tá ótima", quando não estava tão ótima assim? O que eu realmente acho é que mentira pode até ser o caminho mais curto. Mas nunca será o caminho mais barato. O preço que você paga por uma mentira pode estar muito além do que você previu no momento em que tomou a decisão de mentir. E quando você já foi exposto a mentiras que mudaram toda a sua vida ainda muito cedo, você cria um pavor, um pânico, uma aca.

E ainda tem mais: tem as pessoas que se escondem atrás da alcunha de "malucas", "surtadas", "sem noção" pra fazer o que bem entendem. Sobre isso apenas: foda-se. Esse tipo de desculpa não cola comigo. Você tem direito de ser uma pessoa maluca, eu tenho direito de te tirar da minha vida. Gente não é matemática, mas tem coisas que são mais fáceis de prever no comportamento de algumas pessoas do que o resultado de uma equação de 1º grau.

Então pra mim chega, chega de gente rasa, de gente que não me agrega nada. Pode parecer uma visão utilitarista, mas o que estou tentando fazer é simplificar a minha vida. Já bastam os problemas que eu realmente preciso enfrentar, não vou me expor a problemas eletivos.


PS: serviu o chapéu? Use e seja feliz. Ou ignore. Pode ficar puto(a) também. Mas não vem encher meu saco. Não vem querer saber o porquê ou pra quem. Se eu quisesse citar nomes, eu citaria, assim como não me furtei inúmeras vezes aqui neste blog.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Free as a bird

É engraçado como acontece esse processo de uma nova tatuagem. De repente surge aquela "coceirinha". Pronto: vou fazer outra tatuagem! Desta vez, começou com uma vaga noção: alguma coisa sobre liberdade. Finalmente, eu sabia que não seria uma palavra. É, chegou a hora do meu primeiro desenho. E, é claro, eu queria algo grande e ousado. Mas delicado. Preto e cinza. Nas costas. Atravessando, de um lado a outro. Liberdade... asas? Não, muito clichê!

Pensa, pensa, pensa....

E, um belo dia: é isso! Andorinhas! Várias! Só a silhueta, preta. Saindo de uma gaiola!

Assim, como se fosse uma certeza de toda uma vida, a ideia ganha forma, tão clara como se sempre estivesse ali!

Essa coisa toda do tema "liberdade" veio durante o processo de elaboração da minha dissertação. Por dois pontos de vista. O primeiro, mais óbvio, é a iminente liberdade adquirida terminando o mestrado. Nada mais de aulas à noite. Nada mais de finais de semana estudando, nem mais a angústia de não saber se darei conta, nem de achar que vou me decepcionar e decepcionar os outros. Enfim, um compromisso a menos.
O outro, menos visível e mais inesperado, é a liberdade que o conhecimento proporciona. Eu tive tantos momentos de epifania e iluminação ao longo de todo esse processo, que eu sinto que todo um novo mundo se abriu pra mim. Além disso, tem o viés da superação pessoal. O assunto que eu escolhi era uma grande barreira pra mim. E agora, sinto que, se eu consegui superar isso, aprender habilidades completamente novas e mudar minha área de atuação profissional, nada me segura! Hoje me sinto muito mais confiante e capaz.

Mas não é só isso. Isso é só um pedaço. Hoje me sinto plena como profissional, mas também como pessoa. E isso tudo é liberdade. Foi isso que eu marquei na pele. O meu renascimento. Minha volta por cima.

Eu saí da gaiola. E agora quero voar!


"Gente que mantém
pássaros na gaiola
tem bom coração.
Os pássaros estão a salvo
de qualquer salvação."

Paulo Leminski




Esta lindíssima foto é claro que foi feita pelo meu fotógrafo preferido Régis Arima Junior.
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